Achados (último, parte I) - Smile
- Já sabes o que gesto romântico é que vais usar para a reconquistar?- perguntou Sofia olhando para o seu chá de jasmim. Estava mesmo mudada... Ela a beber chá? Ela a tratar da vida amorosa dos outros? O que se passava com ela? "Transformei-me na Vera" - certo dia pensou.
- Eu... estava a pensar dar uma flores e declaram-me no meio da rua, num sítio carregado de gente, gritando "Eu amo-te Miriam!".
Sofia revirou os olhos fingindo estar nauseada.
- O quê? é mau?
- Marco...
- Sim?
- Não achas um pouco cliché?
- Ah... não.
Sofia revirou novamente os olhos.
- HOMENS!
- Então o quê?
Sofia deixou uma gargalhada estridente espalhar-se e propagar-se pelo café. Estava mudada, mas não tanto assim!
- Eu é que sei? ´TU é que és o namorado dela! Prova que a mereces!
- Mas podias ajudar!
Sofia olhou-o num misto de ternura e desprezo.
- Não... esta é uma viagem que terás de fazer.
- Viagem?
- O Pipi já fez a dele... a Miriam também. Eu estou a caminho... Este é o teu percurso... não o meu.
Marco estava nesse momento com um olhar tão estranho que a senhora da mesa ao lado quase se levantou para verificar se ele não precisava de assistência médica.
- ahhh... ok...
- Agora desculpa, mas vou-me embora. Quando decidires o que vais fazer, deixa uma mensagem com o local, nesta pousada. Nós vamos lá ter amanhã.
Posto isto, Sofia levantou-se e partiu para a porta. Antes de sair, virou-se para trás e disse-lhe:
- Já agora. Paga isso se faz favor, que eu não tenho aqui dinheiro!
*
- Miriam?
- Sim Pipi?
- Ainda gostas do Marco?- perguntou ele, deixando os dedos da rapariga moverem-se pelo seu cabelo encaracolado.
Um silêncio penoso invadiu o quarto naquele instante. Uma tristeza quase palpável rodeou e sufocou Miriam. Tirou-lhe quase todo o ar, ao ponto de não conseguir produzir sons. Estava rouca, estava muda.... estava triste...
- Sim. - murmurou a custo, enquanto as lágrimas que haviam sido presas, amarradas e trancadas nos olhos, se soltavam e lhe escorriam pela cara.
Pipi sorriu-lhe com toda a sua inocência e num tom calmo, disse-lhe:
- Não te preocupes... ele virá! E tudo será resolvido. Tenho a certeza de que nada daquilo que viste, se passou de um mal entendido.
- Como sabes? - disse fungando.
Pipi olhou-a com mais ternura do que nunca, e secando-lhe as lágrimas disse-lhe:
- Porque sei que ainda existem muitos homens bons neste mundo. E ele sem dúvida que está entre eles...
O momento mágico foi interrompido nesse momento pelo som do vómito produzido por Travis, na casa de banho.
*
- Que viagem...- murmurou para si Sofia. Estava num jardim imenso, com fontes e árvores e crianças barulhentas... o jardim estava apinhado de gente e mesmo assim, ela sentia-se sozinha. Aquela viagem tinha sido muito mais do que aquilo que ela imaginara. Tinha perdido dois amigos, e ganho quatro. Tinha perdido um amante e ganho uma auto-estima.Quando falara da viagem de Marco, falara de um caminho, um percurso. Estava-se a referir àquilo pelo qual todos eles tinham passado ou estavam a passar... a mudança, a vida a seguir diferentes rumos:
Pipi aprendera de novo o significado do amor! Tinha descoberto que não ia ficar sozinho, que ia ficar bem, desde que mudasse, que aprendesse a gostar dos outros, como gostava de si.
A Miriam já tinha mudado mesmo antes de ter ido para o interrail. Tinha aprendido a confiar nos outros, a não seguir todas as regras, a ser livre, a viver. O interrail só veio acelerar o processo...
O Marco, tinha de aprender a não tomar nada por certo, tinha de aprender a lutar, a lutar não só por aquilo que queria, mas por aquilo que já tinha também.
- Espero que ele perceba a tempo!- disse para si própria...
E ela? O que tinha mudado nela?
Talvez a mudança tivesse sido pequena, mas para ela, fazia toda a diferença. Ela tinha aprendido tudo o que os seus companheiros tinham andado a aprender durante a viagem. Tinha aprendido com o Pipi, a viver junto dos outros, a dar tanto de si aos outros, como a si própria... com Miriam, tinha aprendido que a vida é curta e que precisava de valorizar aquilo que de melhor tinha na sua vida... e com Marco, aprendera que nada estava perdido.
Nesse momento, Sofia olhou em frente, para a grande fonte que se enguia, por entre os grandes arbustos e árvores. Meteu a mão no bolso e vasculhou...Lá encontrou dois euros.
- Afinal tinha dinheiro para o café! - sorriu para si. E levantou-se. Levantou-se e correu para a fonte, lançando a moeda e pedindo a todos os anjos que a pudessem ouvir, que aquela moeda invertesse o seu destino e que quando chegasse a Lisboa, encontrasse a Vera e o João, para poder de novo voltar ao refúgio que era a sua amizade...
*
- Bem me podia ter dito qualquer coisa, para me ajudar!- resmungou Marco para si...
Marco errava pelas ruas de Roma, procurando uma inspiração, uma luz que lhe iluminasse o cérebro de uma vez!
- De que é que ela gosta?- pensou. E então ouviu ao longe, a voz de uma mulher... uma mulher que cantava na rua, ópera e outras canções! O seu cérebro iluminou-se e naquele momento, Marco entrou na sua viagem, no seu caminho, que só terminaria, quando lado a lado se deitasse com a Miriam, para morrer.
3 Comments:
pormenor, enganei-me no nome do moço, no post anterior... é marco e nao mário...:P.
Prometo que o ultimo post dos achados esta para breve!
eu também prometo fazê-lo ainda hoje!!!!
E também priometo que não vai ser nem metade surpreendente como este:P
O melhor vai ser o proximo!:P.
Acgo que esta saga custou tanto a fazer, porque não determinamos uma moral para a história. Basicamente, estavamos a escrever quase sobre o nada e por isso falta-nos a inspiração.
A nossa próxima production tem de ser mais estudada!!:P
Fico a espera!!!
Enviar um comentário
<< Home