segunda-feira, março 17, 2008

Ver o Morto - perdidos

Victoria encostou-se à porta do quarto vizinho ao seu. O silêncio do corredor fazia cada acorde da guitarra ecoar. Conseguia distinguir uma voz rouca e um improviso de poema a flutuar nela. "A blond fairy sleeping next to me". O sorriso na sua alma estendeu-se ao seu corpo. Desde a madrugada desse dia que ouvia aquela doce música. Pensou que tinha sonhado. Mas não. E a verdade daquele som fazia um rubor subir-lhe ao rosto pálido.

Queria entrar. Queria falar com o seu poeta. Ela era uma fada e tinha um devoto. Naquele dia, naquele sítio, alguém lhe cantava um louvor como se ela fosse merecedora dele. Seria?

Estava perante ela. A primeira vez que tinha a possibilidade de gritar a sua liberdade com um gesto: encontrar os lábios que a louvavam com os seus. Não ia pensar no pai, não ia pensar em Matt, não ia pensar que tinha de partir nesse mesmo dia...não ia pensar.

*

- Quero ver a campa de Mozart!

O mau humor de João subiu com a exigência clara da voz de Vera. Estava cansado, não dormia o que precisava há demasiado tempo e a comida de viagem ameaçava matá-lo em breve. Estava farto de cidades, farto de museus, farto de arte, farto de fotografias, farto de colchões rijos.

- Não vamos ver mortos. Quero ir para casa.

A irritação de João subiu mais dez pontos na escala quando Matt poisou a mão em cima da de Vera e declarou muito sério:

- Eu concordo com a Vera e vou com ela ver o morto.
- Matt!!
- Que foi?

Havia uma cumplicidade que escapava à compreensão de João e que o irritava além do limite aceitável. Ele é que devia sentar-se ao lado da Vera. Sempre tinha sido assim. Queria ir para casa e ter a sua vida normal de volta. Esta não era a Vera. Preferia que ela chorasse nos braços dele. Aquela alegria falsa em volta de Matt não era a Vera.
Virou-se para Bárbara.

- Não queres ir para casa? - esperava que ela estivesse ansiosa por rever Nívea.
- Bem...é cedo ainda para ir para casa, não? - o tom nervoso denunciou que Barbara não fazia ideia do que fazer quando voltasse a casa.

- Então, está decidido. Ficamos e vemos o morto!
- Ainda não sabes o que a Vicky pensa...

Uma figura pequena e afogueada entrou de rompante para tomar o pequeno almoço.

- Podemos ficar mais um dia? - perguntou Vicky, olhando fixamente para a tigela de cereais.

- Oh, perfeito... - João perdera a última arma para lutar contra os amigos. Ficavam...e iam ver o morto.

4 Comments:

Blogger fairy dust said...

Peço desculpa pela demora e pela falta de profundidade =P

Não espero que muita gente goste desta música, mas como estou a ouvi-la obsessivamente achei que tinha de ser.

Peço desculpa ao João por estar a usá-lo como desmancha prazeres. E prometo que iato não significa que a serie se vai estender muito mais. ;)

17/3/08 21:58  
Anonymous Anónimo said...

lolol. Tas desculpada. Não tinha muito a ver comigo sabes. EU seria o primeiro a sugerir a visita ao cemitério onde está enterrado Mozart (pormenor, ninguém sabe onde ele está! Foi enterrado numa vala comum, mas shhhhh :P).

Beijocas.

E o post tinha mais profundidade que tu pensas!

17/3/08 22:55  
Anonymous Anónimo said...

LOOL!

Tenho a confessar que vi uma estatua dele no rex, o cao policia e fiquei com a ideia q era uma campa (burra nao??)

mas n interessa, a vera so quer um pretexto.

bem, tenho a dzr q e apenas uma estatua num jardim, mas tb serve =P

17/3/08 23:32  
Anonymous Anónimo said...

lolololol. Não faz mal. Resultou bem!!!

Beijufas... Não mate ninguém que suja imennnnnnso!;).

PS: Me liga vai, por causa de sexta!

18/3/08 14:36  

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