sábado, março 08, 2008

Achados XI - Ruptura



- Ó Minha cabra, larga-me o cabelo!- gritava Sofia a Zandra, tentando-se se soltar daquelas finas mãos esquálidas, tão frágeis, mas no entanto, com tanta força. As lágrimas vinham-lhe aos olhos cada vez que puxava acidentalmente o seu cabelo.
- Não te vou largar! Enquanto não me disseres que não o vais fazer!
- Por quê? Queres exclusividade é?
Pipi e Miriam olhavam um para o outro, à porta dos seus quartos. Estavam no norte de Itália, numa pequena cidade chamada Belluno. A cidade não tinha grande coisa para oferecer. Estavam apenas muito cansados da viagem de comboio desde Austria, e por isso, decidiram parar numa estalagem no norte do país.
- O que se terá passado? - perguntou Miriam ao amigo.
Pipi estava muito calmo nesse dia. Aliás, desde que vira o tal rapaz na estação de comboio, que não fazia outra coisa senão fantasiar com ele. Imaginava-o junto a si, conversando, dando-lhe as mãos. Pela primeira consegui-se ver numa relação sem que a associasse de imediato ao sexo.
- Não sei. Quando acordei estavam estas duas loucas no corredor, à batatada. Depois fui-te acordar.
Naquela noite Marco e Miriam tinha dormido separados. Na noite anterior, tinham discutido. Marco queria ir a Veneza apenas com Miriam. Ela queria ficar junto do grupo. Afinal, aqueles os dois tinham sido a sua família, nesse último mês. Resumindo, houve gritos do Marco, choros da Miriam, depois gritos da Miriam e choros do Marco. Decidiram que nessa noite iriam dormir sozinhos. Marco fechou-se no quarto. Zandra e Sofia foram obrigadas a dormir no mesmo quarto. E Miriam decidiu enroscar-se nos lençóis seguros de Filipe.
- AI!- gritava agora Zandra. o Seu cabelo ficara preso à pulseira barata de Sofia. à sua volta, um aglomerado de pessoas começava-se a juntar. Queriam ver as loucas aos pontapés e às arranhadelas.
- MEU DEUS... é esta a imagem que os portugueses estão a dar no estrangeiro! - comentou um emigrante que trabalhava ali perto.

*
- Mais calmas?- perguntou Pipi entregando uma caneca de chá a Sofia.
- A culpa é dela! Se ela não tivesse...- ia a dizer Sofia, mas foi interrompida por Zandra.
- Não te armes em Santa! Só estás assim porque eu me adiantei!
- Ó minha vaca!
- CHEGA! - gritou Miriam, forçando o silêncio.- Ontem tive um dia mau, chateei-me com o Marco e tive de dormir com o Pipi!
- Obrigado Miriam... é bom saber que é mau dormir comigo! - disse Pipi simulando indignação. Do outro lado da sala, um homem olhava para ele com ar de desaprovação.
- Ah! Desculpa! Não quis dizer isso!
- EU percebi!- disse Pipi sorrindo-lhe.
- Mas pronto! Não quero ouvir mais discussões. E agora vou acordar o meu homem com um beijo.
Sofia revirou os olhos com a expressão. Zandra sorriu enternecida.
" O sorriso de Zandra está diferente hoje!"- pensou Pipi. Havia ali qualquer coisa de estranha. Nos últimos dias, parecia-lhe que Zandra colocava aquele sorriso falso na cara, por tudo e por nada. O que estaria ela a tramar?
" Quem será ela?"- perguntou-se a si próprio o Pipi.
*
Miriam subiu as escadas em direcção ao primeiro piso. O quarto onde dormira na noite anterior ficava à esquerda. O de Marco, à direita.
- Mas o que... - da porta da direita saía uma rapariga extremamente sorridente. Era a empregada da estalagem, a que trocava os lençóis e trazia o serviço de quartos.
- Bon giorno!
- Bon giorno- disse Miriam desconfiada, numa intensidade quase sussurrada.
A rapariga saiu dali. O coração de Miriam começou a bater mais forte. Seria ele capaz? Imagens da empregada sobre o seu namorado rasgaram-lhe a mente. O seu coração apertou-se mais, aumentando o bombear do sangue. Levou a mão ao bolso. Lá estava a chave do quarto de Marco. Tirou-a e colocou-a na fechadura. Lentamente, fê-la girar e depois puxou a maçaneta para baixo...
*
- Tens a certeza Miriam?
- Sim! Vamos. Vamos embora.
- Mas sabes quem foi?- Sofia baixou os olhos
- Deve ter sido a empregada!- Miriam chorava baba e ranho. Ela e a Sofia e preparavam a mala para partir.
- Mas ele...- ia perguntar Sofia.
- ELE ESTAVA NU SOFIA! - disse desatando a chorar.- NU! Por cima de lençóis todos revirados. E na cómoda estava uma caixa de preservativos abertos!
Pipi e Sofia calaram-se. Iriam partir no comboio em direcção a Roma, como assim desejara Miriam.
Zandra entrou no quarto.
- Boa Zandra! Já voltaste. Por favor, faz as malaas, vamos embora. -disse Miriam.
- Eu... não vou.
O silêncio tornou-se mais audível nesse momento. Todos pararam e voltaram-se para a alemã.
- Não vais?
- Não... pessoal, eu vou voltar para a Alemanha!
-JÁ?! -gritou Pipi descontroladamente.
- Sim! Vocês são muito boas pessoas, mas eu tenho de voltar para casa. Parto amanhã.
Se mais conversas, Zandra despediu-se dos três foragidos e voltou para o seu quarto. Sofia, Pipi e Miriam, partiram em direcção à estação. Por essa altura, Marco ainda dormia que nem um demónio...

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E ela foi-se embora pq?

Aposto que o marco não fez nada...acertei? (já agora, as expressao dormir como um demónio e mt engraçada).

não queres adiantar mais um ep hoje sff????

9/3/08 20:16  
Anonymous Anónimo said...

lolol. Se calhar ate fez Mary! xD. Tb achei piada ao trocadilho! :P.
Não sei se adianto. Estou cansado. E tu, andiantares um é que nao nao é?:P

10/3/08 18:08  
Anonymous Anónimo said...

epa...eu n tnh nd a adiantar =S

10/3/08 19:04  

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