As Cem Razões de Catarina
Eram 7:40, o que significava dez minutos de atraso para Catarina. Tentava titanicamente tirar os dois filhos gémeos da cama (quantas vezes chorara quando descobrira que eram dois em vez do um que o orçamento planeado ao pormenor podia suportar). As duas crianças irritadas gritavam em uníssono "Não quero ir à escola!". Catarina acabou por conseguir pegar nos dois e enfiá-los na casa de banho (já nem queria saber se se lavavam ou não) e correr até à cozinha onde o leite começara a ferver.
Sentado, sem tirar os olhos do jornal, o seu marido parecia um adereço de decoração inconveniente que viera agarrado à cadeira onde sempre se sentava. Catarina precisava de algum calor humano que lhe desse forças para enfrentar o dia e sugeriu a Tomás deixar os filhos na avó para que os dois pudessem ao menos tomar um café sozinhos, quem sabe ver o mar...
- Sim querida, se queres...
Catarina não podia garantir que Tomás a ouvira, pois nem despregara os olhos do jornal. Aliás, querida parecia ter-se tornado um substituto simples para o seu nome, uma vez que assim ela perdia o estatuto de pessoa para se tornar a mãe dos filhos de Tomás.
Às 8:35 Catarina encostou o carro à porta da escola, para onde os filhos, agora numa agitação gigantesca, correram atrás dos amigos e a deixaram sem qualquer despedida. Ao tirar o carro do estacionamento fez-lhe um risco de uma ponta a outra.
Ao fim de um dia horrível a corrigir erros de quadros superiores da empresa sem um único elogio, Catarina apanhou as crianças na escola, que gritavam a plenos pulmões que não tinham brincado e que ela era má. Cumprindo o plano dessa manhã, Catarina deixou as crianças com a avó:
- Os meus amores- disse a mãe de Catarina. E logo se despediu secamente dela- Estão entregues, até logo.
Parecia a Catarina que já nem a sua mãe entendia que ela continuava a ser humana...sentia-se presa, mas já sem um amor maior que a prendesse a todo o trabalho escravo que a vida da classe média a obrigava...pegou no carro...
Vestida de negro e chorando nos braços de Tomás, a mãe de Catarina gritava poucas horas depois: "Porque fez ela isto? Não percebo. Tinha um emprego, tinha uma família que a amava...porquê que ela não podia ser feliz?"
"A mim nunca me contou..."suspirou Tomás.
Sentado, sem tirar os olhos do jornal, o seu marido parecia um adereço de decoração inconveniente que viera agarrado à cadeira onde sempre se sentava. Catarina precisava de algum calor humano que lhe desse forças para enfrentar o dia e sugeriu a Tomás deixar os filhos na avó para que os dois pudessem ao menos tomar um café sozinhos, quem sabe ver o mar...
- Sim querida, se queres...
Catarina não podia garantir que Tomás a ouvira, pois nem despregara os olhos do jornal. Aliás, querida parecia ter-se tornado um substituto simples para o seu nome, uma vez que assim ela perdia o estatuto de pessoa para se tornar a mãe dos filhos de Tomás.
Às 8:35 Catarina encostou o carro à porta da escola, para onde os filhos, agora numa agitação gigantesca, correram atrás dos amigos e a deixaram sem qualquer despedida. Ao tirar o carro do estacionamento fez-lhe um risco de uma ponta a outra.
Ao fim de um dia horrível a corrigir erros de quadros superiores da empresa sem um único elogio, Catarina apanhou as crianças na escola, que gritavam a plenos pulmões que não tinham brincado e que ela era má. Cumprindo o plano dessa manhã, Catarina deixou as crianças com a avó:
- Os meus amores- disse a mãe de Catarina. E logo se despediu secamente dela- Estão entregues, até logo.
Parecia a Catarina que já nem a sua mãe entendia que ela continuava a ser humana...sentia-se presa, mas já sem um amor maior que a prendesse a todo o trabalho escravo que a vida da classe média a obrigava...pegou no carro...
Vestida de negro e chorando nos braços de Tomás, a mãe de Catarina gritava poucas horas depois: "Porque fez ela isto? Não percebo. Tinha um emprego, tinha uma família que a amava...porquê que ela não podia ser feliz?"
"A mim nunca me contou..."suspirou Tomás.
7 Comments:
Gostei. A vida às vezes é tão irónica...
Apesar de triste, gostei muito! =) Tens medo de te vir a sentir assim um dia?
Vou ser muito sincero e vou-me confessar. J´+a tinha lido :s. Quando pus o ultimo achados, vi ue tinhas nos rascunhos e não resisti.
Soooooorryyy!:P
Beijos. Adorei, adoro-te, e ... adoro a vida!:P
Ps: Lembre-se de postar o proximo perdidos que eu ja tenho ideia para os achados... :P
obrigada pela adoraçao!
Pois é John, este texto estava on hold há mt tmp...não me perece que seja assim q ele devia ter saído, mas não podia esperar mais. Dá-me a ideia por mail sff que eu tou seca!
fada verde: pois é...estive a pensar na vida das mães em geral, que supostamente estão felizes...
pips: claro que tenho medo...só espero ser mais forte que a catarina, mas não sei como é q a maioria das pessoas conseguem sobreviver ao seu final feliz
estou pensando...
Mé,amora...adorei.
é a tua cara, e n digo istono sentido de q tu um dia o farias, mas sim pk é mm dakelas coisas "à mariana".
Always here sinhe?
Enviar um comentário
<< Home