terça-feira, outubro 24, 2006

A Fitinha Vermelha

Chamava-se Carmelo, como a sua falecida avó, que nunca conhecera, mas que todos diziam ter sido uma senhora muito boa. Ela era a Carmelo, mas estava longe de ser uma senhora, ainda para mais uma de bondade.

Pensava nisto enquanto se abrigava da chuva, sentada num banco de estação de comboio, como fazem as pessoas que já perderam qualquer esperança que a vida pudesse ser diferente...e era quando se sentia assim que olhava para a fitinha vermelha, que há tanto tempo tinha atada no seu pulso esquerdo...

Nunca a ousara tirar (temia que as sete pragas do Egipto se abatessem sobre ela se cortasse um único fio daquela frágil tira de algodão). Acariciou-a como em tempos o acariciara a ele (o responsável por aquela maldição em forma de fita cor de sangue)...sentiu uma coisa que à muito nem pensava: Saudades...não angustiantes ou exigentes, só reminescentes...

No dia em que ele fora embora, Maria dissera-lhe: "Não te preocupes, ele não gostava de ti..."...Ele não gostava de ti? Que consolo era aquele? Preferia mil vezes que ele fosse apenas um idiota (o que também lhe disseram várias vezes, mas que ela achava ser seu direito exclusivo pensar)! Como odiara todas as criaturas humanas nesse dia...

Agora não...agora não sabia nada sobre o que sentia pelas pessoas (nem queria saber)...congelara o coração temporariamente, todo o seu calor se extinguira...e agora Diana dizia-lhe que ela era chata...preferia ser chata que chorona...

Fim da linha...o comboio parou e Diana olhava para Carmelo com um sorriso exuberante...Carmelo pensou num presente que lhe pudesse dar para compensar a sua falta egoísta de não ouvir...

5 Comments:

Blogger Jotomicron said...

A pobre Carmelo ainda n compreendeu que um dia está a segurar na fitinha vermelha e no outro está a tentar ouvir quem a segure... Ainda não percebeu que na vida as coisas vêm e vão...

E por muito que às vezes nos custe (e custa!) devemos seguir em frente o melhor que conseguirmos. Devemos parar, respirar fundo, pensar levemente que já foi, e sair da tudo o que a fita vermelha representa sabendo que para a próxima, teremos mais experiência...

Beijinho =) *

24/10/06 18:43  
Anonymous Anónimo said...

O único presente que nos podes dar, já dás. Seres a pessoa espectacular que és.

Don't worry... as saudades passam e delas pouco fica. Fica só a experiência que te protege para vezes seguintes.

Miss you all...:(

24/10/06 19:21  
Anonymous Anónimo said...

João! Eu juro que só li o teu comment depois! Sorry, basicamente plagiei-te!!!:S

24/10/06 19:22  
Blogger fairy dust said...

Acho que não houve plágio nenhum!

Eu tb tou cheia de saudades dos meus monstros...onde estão tds?

Começo a detestar ir à escola...

25/10/06 19:16  
Blogger Alexx M. said...

Ai cm eu compreendo a Carmelita que fica agarrada à sua fitinha vermelha..... Ficamos todos, a certa altura das nossas vidas... O importante é saber que a fita vermelha não passa disso mesmo, uma fita vermelha que um dia vai romper-se e libertar-nos. Só precisamos d dar tempo ao tempo...

26/10/06 23:43  

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