domingo, outubro 29, 2006

Janela embaciada (II de III)


- Que frio!

Fora da cama o mundo era mais cruel. João sentia a espinha retraída do frio, os dedos cheios de frieiras e todo o corpo envolto em si, encolhido em torno do cobertor vermelho, que usava todos os anos no Inverno. Na sua frente, a a humidade circunscrevia um buraco, um espaço sem água onde antes havia sido escrito Amor.

"Mas então o que escrevo eu?"

Passaram cinco minutos e então João olhou em volta. Sentiu o silêncio a não existência. Conseguia ouvir o coração, conseguia ouvir a sua alma. Esta chorava...

Com o hálito, embaciou de novo a janela e escreveu duas palavras:

tristeza e solidão

Mas logo apagou com a mão o seu destino. Aquele era o seu passado. Não queria que fosse o seu futuro...

2 Comments:

Blogger fairy dust said...

Era muito giro apagar a história com a mão e fazer uma nova com o hálito...

gostei muito do teu post maninho!

30/10/06 22:13  
Blogger Alexx M. said...

É mesmo verdade... o futuro não tem de ser igual ao passado, só depende de nós mudá-lo e tranformá-lo em algo melhor... Escrever nos vidros é um começo....

10/11/06 11:53  

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