Janela embaciada (II de III)
- Que frio!
Fora da cama o mundo era mais cruel. João sentia a espinha retraída do frio, os dedos cheios de frieiras e todo o corpo envolto em si, encolhido em torno do cobertor vermelho, que usava todos os anos no Inverno. Na sua frente, a a humidade circunscrevia um buraco, um espaço sem água onde antes havia sido escrito Amor.
"Mas então o que escrevo eu?"
Passaram cinco minutos e então João olhou em volta. Sentiu o silêncio a não existência. Conseguia ouvir o coração, conseguia ouvir a sua alma. Esta chorava...
Com o hálito, embaciou de novo a janela e escreveu duas palavras:
tristeza e solidão
Mas logo apagou com a mão o seu destino. Aquele era o seu passado. Não queria que fosse o seu futuro...
2 Comments:
Era muito giro apagar a história com a mão e fazer uma nova com o hálito...
gostei muito do teu post maninho!
É mesmo verdade... o futuro não tem de ser igual ao passado, só depende de nós mudá-lo e tranformá-lo em algo melhor... Escrever nos vidros é um começo....
Enviar um comentário
<< Home