terça-feira, agosto 21, 2007

Contagem progressiva para a verdade I/III

O meu corpo entrou naquela noite na morgue do Hospital de Santa Maria. Tratando-se de um possível crime, o Hospital de Cascais não tinha autoridade (nem legitimidade) para me abrir ao meio e remexer nos meus órgãos internos.
De serviço naquela noite, estava Pedro, um médico que estava no 1º ano de especialização, e que, destino dos destinos, tinha sido namorado de Pipa, até que uma certa polícia mamalhuda (Susana), o tinha "papado" (ou vice-versa), algures no meio das ruelas do Bairro Alto.
- Hmmm... estas marcas... ele não morreu de afogamento...
- Então Doutor? Posso? - à porta da morgue, extremamente enjoada ( e enojada), entrava a polícia Joana Silva. Tinha vivido quase 3 anos com Mariana, até que tinha decidido mudar-se. Namorava actualmente com o meu ex (que conveniente...) e estava prestes a descobrir que tudo na vida está em constante mudança...
- Entre, entre!. - disse Pedro - estava a fechar já o corpo.
- Então, qual foi a causa de morte?
- Definitivamente, isto não foi um acidente. Está a ver estas marcas no pescoço? A causa de morte foi estrangulamento. Alguém o estrangulou com uma corda.
- Hmmm... não devo conseguir DNA, muito menos impressões digitais do pescoço da vítima. Esteve bastante tempo dentro de água...
- Pois. Vai ser difícil apanhar alguém.
Joana olhou finalmente para a minha cara...
- Oh não! Eu lembro-me dele... é o rapaz do café!
- Conhece-o?
- Sim. Tomei uma vez café com ele, porque eu estava sentada no sítio onde ele se customava sentar...coitado. - dizia ela horrorizada. Demorou um pouco a recompor-se. Depois, prosseguiu com a investigação.
Ao lado do meu corpo (e da minha alma que como espectro sobrevoava a mesa onde jazia o meu corpo), uma pilha tinha sido feita, com toda a minha roupa. Nada poderia ajudar à investigação... excepto.
- Bingo! Estamos a chegar a qualquer lado...
- Então? - Joana retirava um pedaço de papel do bolso direito das calças. Era a carta que o meu assassino escrevera para me convidar para a minha morte...
- Obrigado Doutor. Tenho aqui material para pesquisar. Já identificou a vítima?
- Não, ia agora mesmo. - Pedro caminhou para a pilha de roupa, procurando uma carteira.- Aqui está.
A carteira caíra no chão aberta, mostrando a minha foto e o meu nome. Pedro ficou pálido, quando compreendeu que de novo tinha de telefonar à Pipa, pedindo que viesse à morgue identificar o seu amigo de infância, Carlos Faria...

*
- TRIMMM
- Estou? - Pipa pegou no telefone quase sem que este tivesse tocado.
- Pipa...
- O que é que queres meu...
- Ouve-me! Tenho más notícias para te dar...
- Diz...- disse nervosa e quase com a certeza do que ia ouvir a seguir
- O Carlos está... morto.
Pipa não ouviu mais nada, deixando cair em choque o telefone. Tinha de avisar a minha família e muitas pessoas. Mas naquele momento não conseguia fazer nada... estava simplesmente desligada. A tremer de nervos, agarrou numa almofada e no silêncio da noite, chorou a perda de alguém. Na manhã seguinte telefonou aos meus pais, que por serem meus pais, não conseguiram deixar de chorar.Afinal muita gente sentiria a minha falta. Isso deu-me algum alento, ainda que fosse tarde demais...
*
No dia seguinte....
*
- Desculpa aparecer assim querida!
- Não faz mal...
- Fiquei mesmo abalada... o rapaz parecia era tão calmo. Tão pacífico. Tão simpático...
- Calculo que sim. Já há alguma pista para o assassino?
- Não... só temos uma carta que por acaso sobreviveu à água. Ainda se conseguem ler umas palavras. - Joana retirou um pedaço de papel do bolso. Era uma fotocópia da carta encontrada na minha roupa...
" Qualquer decisão legal ~~~~~~ encontro no jardim ~~~~~".
- É suficiente para incriminar alguém?
- Sim. Se encontrarmos a pessoa, basta analisar as mãos dela. Para estrangular o rapaz, terá sido preciso muita força. Ele tem obrigatoriamente de ter cortes nas mãos. E claro podemos verificar o porta-bagagens do carro que o terá levado deste tal jardim para a água!
- Olha! Lá está o teu parceiro a falar.
- Sobe o som, se faz favor.
*
- Caros senhores. Este é o rosto de mais uma vítima de uma crime hediondo. Terá falecido entre as 10 e as 10:30 da noite. Qualquer informação que possam ter sobre o indivíduo, é favor contactar o número...
*
Várias pessoas ficaram chocadas com o que viam na televisão. Pipa, por ver o seu amigo em fotografia, na televisão, com um ar azulado. Mariana e Vanessa por também elas o conhecerem, ainda que muito mal. E muitos mais...
Só três cruéis seres não se importaram com a minha perda...
Sofia...
O assassino, que tremia de medo de ser descoberto...
E Bernardo...

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Conclusão do dia: não foi o Bernardo =P

22/8/07 12:10  
Anonymous Anónimo said...

lolololol. Eu achava que isso estava já bem definido!:P Não mé. Nõa foi o Bernardo. Hoje ponho o post nº 2. e na Quinta o 3º post. E FIIIIIMMMM!!! Finally!:P

22/8/07 19:17  

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