Contagem regressiva para o fim da alma - 1º dia
- Miauuuu. - deitado no chão da minha casa, deixava uma grande poça de choro ensopar os meus tapetes,enquanto a minha pobre gata me tentava reconfortar com lambidelas e miares de alegria por eu estar ali. Eu afastava-a com um braço, dizendo choroso "sai daqui". Mas ela não saía. Ficava ali feito guerreira lutando por quem já desistira de lutar. Toda a minha vida tinha sido rejeitado... por pessoas que não me conheciam, por pessoas que me conheciam tão bem, como pais e até alguns amigos... e mais do que tudo, eu rejeitava-me a mim próprio. Sentia-me como se estivesse morto por dentro. Sem sentir, um vazio horrível e um temor de viver incrível.
Como se o tempo pudesse passar por mim sem que eu o sentisse. Ou alías, sem que eu me importasse. Queria estar ali quieto agarrado ao meu chão duro, agarrado àquela almofada babada.
Queria ficar ali na esperança que alguém me viesse salvar. Alguém que me levantasse e me devolvesse a vontade de retomar a minha vida, de a agarrar e de lutar por mais um dia longo e por mais umas horas de vida que eram descontadas ao meu tempo.
- Miauuu. - Pandora insistia. Mas não queria saber. Naquele momento só pensava em tudo aquilo que já tivera. Em tudo aquilo que já tivera de alegre na minha vida. Um amor, uma família, amigos vários... agora... agora não tinha ninguém...
- Miauuu. - a luz do amanhecer entrava pela pequena janela da sala... o relógio tocou uma música de despertar. eram 7 da manhã... a hora em que me deveria levantar para ir trabalhar.
Ainda deitado, estiquei a mão e telefonei para a clínica:
- Clínica Medicien bom dia.
- Estou Fernanda. Olá é o Carlos.
- Ah! Olá senhor terapeuta, como está?
- Estou doente. Pode-me desmarcar as consultas de hoje e amanhã? - era quinta. Teria quatro dias para recuperar... Seriam os suficiente?
- Com certeza. Mas o que tem?
Hesitei por um momento... tinha de inventar alguma coisa. Como a imaginação estava bloqueada pela falta de alma, optei por dizer a verdade.
- Um problema de coração.
- Ah! Então descanse e coma poucas gorduras. Com isso não se brinca. - a telefonista não tinha percebido o que queria dizer...
-Obrigado...- disse na minha voz débil
- AI é o senhor terapeuta? - era Rosa que se ouvia do outro lado da linha... - "por favor... faz com que ela não queira falar comigo", pensei.
- Estou senhor terapeuta! Como está?
- Olá Rosa... estou cansado e com problemas de saúde, mas nada de grave...
- AH! sabe que a minha Carlita também me apanhou uma gripe que...
- 'tou? 'Tou... não a estou a ouvir Rosa!' Tou..
- Sim doutor... estou a.- desliguei o telefone. Hoje mais ninguém me ia incomodar...
- Porra...
- Abre a porta Carlos. Sou eu.
Com esforço levantei-me do chão e caminhei para a porta.
- Credo! Estás com uma cara.
- Tenho motivos para isso...- disse de forma rude
- Calma! Que se passa.
- Nada! Importaste de te ir embora?
- Eu fiz-te alguma coisa para me estares a falar assim?
- Pipa! Se faz favor sai!
- Olha vai à merda sim. - e assim virou-me as costas e começou a descer as escadas.
Fechei a porta com um estrondo e cai de novo no chão. Sobre o sofá, a Pandora olhava-me de forma agressiva e desapontada.
- Que é? É só mais uma pessoa...- nem mesmo eu acreditava naquilo que estava a ouvir... só mais uma pessoa? Era a única amiga que eu tinha! Saltando do chão corri para a porta. Estava descalço... não me importei. Trotei pelas escadas abaixo e corri para a rua. A Pipa estava a entrar no carro.
Nem teve tempo de reagir. Atirei-me a ela abraçando-a a chorar...
- Ele traiu-me... ele traiu-me. - chorava e gritava no meio da rua abraçado à rapariga a quem devia muito. Ela, quase chorando também, talvez pela minha atitude anterior, ou por simpatia, abraçava-me com força e dizia que tudo ia ficar bem. Com esforço de ambos, subimos de novo ao apartamento, onde a Pipa me fez um chá.
Como se o tempo pudesse passar por mim sem que eu o sentisse. Ou alías, sem que eu me importasse. Queria estar ali quieto agarrado ao meu chão duro, agarrado àquela almofada babada.
Queria ficar ali na esperança que alguém me viesse salvar. Alguém que me levantasse e me devolvesse a vontade de retomar a minha vida, de a agarrar e de lutar por mais um dia longo e por mais umas horas de vida que eram descontadas ao meu tempo.
- Miauuu. - Pandora insistia. Mas não queria saber. Naquele momento só pensava em tudo aquilo que já tivera. Em tudo aquilo que já tivera de alegre na minha vida. Um amor, uma família, amigos vários... agora... agora não tinha ninguém...
- Miauuu. - a luz do amanhecer entrava pela pequena janela da sala... o relógio tocou uma música de despertar. eram 7 da manhã... a hora em que me deveria levantar para ir trabalhar.
Ainda deitado, estiquei a mão e telefonei para a clínica:
- Clínica Medicien bom dia.
- Estou Fernanda. Olá é o Carlos.
- Ah! Olá senhor terapeuta, como está?
- Estou doente. Pode-me desmarcar as consultas de hoje e amanhã? - era quinta. Teria quatro dias para recuperar... Seriam os suficiente?
- Com certeza. Mas o que tem?
Hesitei por um momento... tinha de inventar alguma coisa. Como a imaginação estava bloqueada pela falta de alma, optei por dizer a verdade.
- Um problema de coração.
- Ah! Então descanse e coma poucas gorduras. Com isso não se brinca. - a telefonista não tinha percebido o que queria dizer...
-Obrigado...- disse na minha voz débil
- AI é o senhor terapeuta? - era Rosa que se ouvia do outro lado da linha... - "por favor... faz com que ela não queira falar comigo", pensei.
- Estou senhor terapeuta! Como está?
- Olá Rosa... estou cansado e com problemas de saúde, mas nada de grave...
- AH! sabe que a minha Carlita também me apanhou uma gripe que...
- 'tou? 'Tou... não a estou a ouvir Rosa!' Tou..
- Sim doutor... estou a.- desliguei o telefone. Hoje mais ninguém me ia incomodar...
TOC TOC TOC
- Abre a porta Carlos. Sou eu.
Com esforço levantei-me do chão e caminhei para a porta.
- Credo! Estás com uma cara.
- Tenho motivos para isso...- disse de forma rude
- Calma! Que se passa.
- Nada! Importaste de te ir embora?
- Eu fiz-te alguma coisa para me estares a falar assim?
- Pipa! Se faz favor sai!
- Olha vai à merda sim. - e assim virou-me as costas e começou a descer as escadas.
Fechei a porta com um estrondo e cai de novo no chão. Sobre o sofá, a Pandora olhava-me de forma agressiva e desapontada.
- Que é? É só mais uma pessoa...- nem mesmo eu acreditava naquilo que estava a ouvir... só mais uma pessoa? Era a única amiga que eu tinha! Saltando do chão corri para a porta. Estava descalço... não me importei. Trotei pelas escadas abaixo e corri para a rua. A Pipa estava a entrar no carro.
Nem teve tempo de reagir. Atirei-me a ela abraçando-a a chorar...
- Ele traiu-me... ele traiu-me. - chorava e gritava no meio da rua abraçado à rapariga a quem devia muito. Ela, quase chorando também, talvez pela minha atitude anterior, ou por simpatia, abraçava-me com força e dizia que tudo ia ficar bem. Com esforço de ambos, subimos de novo ao apartamento, onde a Pipa me fez um chá.
*
Era o terceiro dia de trabalho de Mariana, naquela empresa do conceituado advogado Dr. Sampaio Neves, o estandarte da moralidade e da luta contra a corrupção. O advogado dos pobres, que estranhamente estava mais podre de rico que a maior parte dos advogados que defendiam apenas pessoas VIP e cheias de notas.
Passara a manhã inteira a desenhar no seu bloco de notas e a arrumar as pastas que se atolavam sobre a sua secretária (aparentemente, a secretária anterior tinha sido despedida por incompetência).
- Que seca...- o telefone tocou.- Estou sim?
- Mariana...- a voz do outro lado era difícil de não reconhecer. Durante 3 anos... 3 longos anos Mariana tinha estado numa relação estranha com um rapaz, de seu nome António. Durante 3 anos, ele insistira que ela tinha de crescer, insistira em apontar cada um dos defeitos dela, e na ausência dos mesmos, procurava e inventava sempre situações que pudesse utilizar contra ela. Tinha sido uma relação com o seu q de felicidade, mas tinha chegado ao fim. Não tinha sido oficializado, é certo. Mas a partir do momento em que uma qualquer outra rapariga era envolvida e ele nunca mais lhe tinha dito nada (durante 3 meses), Mariana percebeu que tudo tinha chegado ao fim. Agora, passados os 3 meses, lá estava ele, a falar-lhe ao telefone.
- António?
- Mariana... eu precisava de falar contigo...
- Porquê?
- Porque sinto... sinto que não acabamos as coisas como deve ser...
- Não as acabámos queres tu dizer!
- Sim... desculpa por isso... mas também tens de compreender a minha situação.
- Aí está António. Enquanto TU não compreenderes a MINHA e mesmo a tua situação... isto não pode ter sequer um início.
- Lá estás tu com as tuas infantilidades...
- Lá estás tu com as tuas desculpas.... sabes que mais eu não preciso de ouvir sequer a tua voz para perceber quanta é a raiva que tenho de ti.
- Mariana, deixa de ser teimosa.
- Lamento... será algo que nunca deixarei de ser, se sei que estou certa. Quanto a ti... podes aceitá-lo e quem sabe, poderemos ser amigos... mas acho difícil, porque tal como eu nunca deixarei de ser "teimosa" ou "infantil"... tu nunca deixarás de ser um idiota, um egoísta e um incapaz no amor.
- Mariana...
- O escritório do Dr. Sampaio Neves agradece a sua chamada. Tenha um bom dia... - e assim Mariana apagou parte do seu passado... de uma forma impessoal e com um simples desligar o telefone...
*
Joana sentava-se naquele café durante longos dias, esperando por um rapaz que iluminasse o seu caminho. Estava farta daquela vida de polícia, de correrias e de bandidos... e também de solidão... O mais cómico disto tudo, naquele mesmo dia tinha prendido um rapaz lindíssimo e tinha-lhe custado ser dura com ele, quando os seus belos olhos castanhos lhe sorriram.
- Que martírio...- o seu café ia ficando frio à medida que esperava pelo seu príncipe encantado. Sobre a mesa,os Maias serviam de pires à sua chávena.
Foi então que o Universo achou que o seu martírio devia chegar ao fim... e que o de outros devia continuar. Pela porta adentro, naquele dia de 26 de Abril, o seu grande amor entrou na sua vida. Trazia-se ao lado de um rapaz, no qual ela nem reparou. Apenas conseguia ver aquele rapaz moreno de sorriso branco e sedutor.
- Estou te a dizer. Só faltou ela me mandar para o caralho!
- O que estavas à espera António? Andas com ela durante 3 anos e durante 3 meses, decides ir para o Porto divertir-te sem lhe ligar puto! Desculpa lá Chavalo, mas merecias.
- Então e tu?
- Eu estou à caça...
- E a Sofia?
- A Sofia foi só mais uma noite. E outra... e outra... - riram-se os dois - e quanto ao Carlos, já o mandei com os porcos.
- Mas então o que é que se passou contigo para namorares com ele?
Fez-se silêncio. O próprio Bernardo não sabia o porquê da sua relação homossexual. Sentiu-se atraído por mim, e só isso. Depois, essa atracção foi derrotada pela atracção por outras pessoas. E com essa derrota, veio uma humilhação desnecessária para mim.
- Bom. Vou-me embora. Vou ver se a Rita já chegou.
- Rita?
- A miúda do Porto. Pedi para ela vir hoje para Lisboa. Tchau puto, fica bem.
- Tchau Chavalo.
E dali António saiu. Bernado olhou em volta e foi então que reparou naquela bela rapariga sentada à mesa, que desviava o olhar, corando.
- We have a Winner...
E assim se conheceram os dois namorados perfeitos: Joana e Bernardo. Nesse dia, tomaram café juntos, passearam por Belém, comendo pastéis de Belém e rindo-se daqueles que passavam e de si próprios. Com o cair da noite, jantaram juntos e foram ao cinema. Nem repararam que filme estava a dar. Durante todo o filme, ambos fizeram render os 5 euros do bilhete, fazendo eles um filme, que em certas partes envolvia cenas para maiores de 18.
Bernardo pensou quão bom era ser-se ele, um rapaz que tinha todas a seus pés, e que não se dava ao luxo de escolher. Qualquer uma servia. Joana pensou quão sortuda era ela, por ter sido escolhida por aquele rapaz, que de certeza não escolheria qualquer uma...
*
- Estás mais calmo?
- Estou... e exausto de chorar. Ontem até ia vomitando...
- Vá. Descansa. Relaxa e ouve música. Esquece o mundo exterior e remenda o interior. Eu estou aqui para o que precisares.
- 'Brigado pipes...- chorando mais um pouco, deitei-me pousando a cabeça sobre o seu colo, aceitando as carícias que ela me ia fazendo no pescoço. Ao fim das pernas, Pandora olhava-me com um olhar sorridente e também ela me lambia as pernas.
- Eu devia partir a cara àquele cabrão!
- E que é que conseguias com isso... ele não deixava de ser cabrão...
- Mas deixava de ter aquele sorriso! Partia-lhe dos dentes todos... -ri-me
Ali ficámos durante a a noite, vendo um filmes cómicos até ao amanhecer. Quando o sol nasceu, Pipa foi-se embora. Mal fechei a porta, Olhei em volta. Tinha uma vida por reclamar e tinha de lutar contra esta inércia que em mim se instalava. Afinal havia dois seres no mundo para os quais podia viver... ambas tinham-mo provado com o apoio que me tinha dado, durante toda a tarde e toda a noite.
5 Comments:
Tá quase!!! Vamos ver onde vou arranjar inspiração!:P
O próximo post será só sobre o Carlos. Quanto muito deve aparecer a pipa a falar ao telefone. De resto, a participação de todos esta a chegar ao fim. Só aparecem no último e penultimo post (depois do fim da alma à ainda mais dois ou três posts) que devem ser escritos e publicados no mesmo dia. Deve ser rápido, pk é o desvendar da historia do assassinio. Beijos
Espero que estejam a gostar do suspense!;)
Gostamos do suspense e claro, ms gostamos tb d saber o fim =P
Um dia eu vou respirar fundo e ter coragem p dizer qs td o q disse neste post.
Gosto da maneira como escreves o desgosto..e é estranhamente parecido com o meu. E só para ficar registado: eu sou a pessoa q chora até vomitar (ou quase)!!!
lololool. Pois. E dificil eu vomitar...:P Esta para breve o final. Beijos
Viraste sea-dragon! =D Gostei deste post! Especialmente da parte em que a mé dá a tampa! Yeah! E também a parte em que te mando à merda =P era mesmo algo que faria! Lol!
Já sabes! Se precisares de chorar conta com o meu ombro amigo! (acho que é bom para essas coisas...)
Kiss kiss ***
como pus no post... perfiro as tuas pernas!!!:P. lolol. Eu sei miga. Posso contar com qualquer uma de voces. Mas vamos ver quando e que precisarei. Antes dissop tenho de me apaixonar por alguém, coisa que já não aoncetece à uns 5 anos.
Beijos
Esta quase a acabar
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