Uma questão de Sorte (Cara ou ...)
Joaquim Jorge Martins Pedrosa, era uma pobre coitado que todos os dias lutava com a vida, numa luta desigual, para conseguir um pouco de felicidade que tanto merecia. Sempre tinha sido bom para com o próximo. Sempre tinha seguido as leis e ensinamentos do seu senhor Jesus Cristo, o "salvador da humanidade". A sua mãe sempre o ensinara a ser fiel e respeitador.
Toda esta vida de compaixão, faz-nos prever que Joaquim se tratava de um ser cheio de sorte, cheio de graça e bênção na sua vida. Mas não... Tratava-se de um ser minúsculo aos olhos do seus cruel deus. Um ser pisado e repisado cada dia.
A fidelidade que lhe tinha ensinado? De nada lhe servira, já que na semana passada, descobrira a sua mulher, em estranhas posições, com o mecânico que ainda por cima lhe tinha cobrado mais 20 euros pelo arranjo do carro. Dinheiro esse, que Joaquim tinha pago para "evitar confusões", dissera ele à Gilberta, a sua mulher. Pelos vistos, o mecânico, um sujeitinho gordo e sujo, andava a cobrar mais qualquer coisa ao casal.
Nessa mesma semana, a sua mãe adoecera. Caíra de cama e berrava com as vizinhas, dizendo quão desgraçada era, por ter aquele imbecil como filho e não uma filha que pudesse escravizar. Devido ao incidente com a mulher, Joaquim tinha-se mudado para a casa onde tinha crescido, e portanto os insultos, da sua "Santíssima mãezinha", mais gagá do que nunca, eram uma constante da vida, como o outro dizia nos seus poemas que Joaquim não conseguia perceber...
Sonhos? Quem os tinha? Ele não... passara a sua vida a trabalhar e a rezar para juntar a merdinha de ordenado que recebia ao final do mês, com o respectivo desconto (metade, porque até o patrão o chulava!). Tinha dinheiro suficiente para se aguentar durante o mês, se desprezasse todos os luxos que todas as almas deste mundo têm direito, de vez em quando. Já não pagava casa," vá lá!" - dizia ele. "Nem tudo pode estar mal ao mesmo tempo".
Pois que na semana em que nos encontramos, Joaquim foi chamado ao escritório do seu patrão, uma divisão numa daquelas casas pré-fabricadas, onde se vendem imóveis (neste caso, os feitos clandestinamente).
- Joaquim.
- Diga senhor Duarte.
- Bom, eu não gosto de bater à volta do arbusto!- Duarte era um emigrante na Inglaterra, que voltara no ano 2000. Ainda conservava certas expressões inglesas, mas ditas na sua língua materna.
- O quê?
- Estou a dizer que vou directo ao assunto.
- Diga!
- Está despedido!
- O QUÊ?!- gritou Joaquim. Pela primeira vez na vida exaltara-se.
- Não lhe posso pagar o ordenado. Por isso, tenho de o despedir...
Joaquim recebeu uma "indamenização", como ele dizia. A dita, não dava para comprar comida para o mês todo!
O dia ia mal, mas estava prestes a piorar. Um cão mijou-lhe no sapato, enquanto esperava pelo autocarro. Pobre sorte a dele, naquele dia estava a chover "Gatos e cães"!Chegou encharcadinho a casa e ainda teve de ouvir o raspanete da mãe.
A vida corria mal para aquele ser. No entanto, acreditava solenemente que algo de bom teria de acontecer naquele dia.
- Trimmmmmm - tocou o telefone. Joaquim apressou-se a atender.
- Estou?
- Boaaa Tarrrrrdxi!- era uma daquelas empresas de falcatruas que oferecia viagens e que contratava sempre uma senhora brasileira para dar a notícia aos papalvos do outro lado do telefone. Joaquim podia ser ingénuo, mas ele não se deixaria levar!- Hoji é o seu djia dji sorte!
Joaquim riu-se do outro lado da linha.
- Então diga lá porquê?- disse ele
Toda esta vida de compaixão, faz-nos prever que Joaquim se tratava de um ser cheio de sorte, cheio de graça e bênção na sua vida. Mas não... Tratava-se de um ser minúsculo aos olhos do seus cruel deus. Um ser pisado e repisado cada dia.
A fidelidade que lhe tinha ensinado? De nada lhe servira, já que na semana passada, descobrira a sua mulher, em estranhas posições, com o mecânico que ainda por cima lhe tinha cobrado mais 20 euros pelo arranjo do carro. Dinheiro esse, que Joaquim tinha pago para "evitar confusões", dissera ele à Gilberta, a sua mulher. Pelos vistos, o mecânico, um sujeitinho gordo e sujo, andava a cobrar mais qualquer coisa ao casal.
Nessa mesma semana, a sua mãe adoecera. Caíra de cama e berrava com as vizinhas, dizendo quão desgraçada era, por ter aquele imbecil como filho e não uma filha que pudesse escravizar. Devido ao incidente com a mulher, Joaquim tinha-se mudado para a casa onde tinha crescido, e portanto os insultos, da sua "Santíssima mãezinha", mais gagá do que nunca, eram uma constante da vida, como o outro dizia nos seus poemas que Joaquim não conseguia perceber...
Sonhos? Quem os tinha? Ele não... passara a sua vida a trabalhar e a rezar para juntar a merdinha de ordenado que recebia ao final do mês, com o respectivo desconto (metade, porque até o patrão o chulava!). Tinha dinheiro suficiente para se aguentar durante o mês, se desprezasse todos os luxos que todas as almas deste mundo têm direito, de vez em quando. Já não pagava casa," vá lá!" - dizia ele. "Nem tudo pode estar mal ao mesmo tempo".
Pois que na semana em que nos encontramos, Joaquim foi chamado ao escritório do seu patrão, uma divisão numa daquelas casas pré-fabricadas, onde se vendem imóveis (neste caso, os feitos clandestinamente).
- Joaquim.
- Diga senhor Duarte.
- Bom, eu não gosto de bater à volta do arbusto!- Duarte era um emigrante na Inglaterra, que voltara no ano 2000. Ainda conservava certas expressões inglesas, mas ditas na sua língua materna.
- O quê?
- Estou a dizer que vou directo ao assunto.
- Diga!
- Está despedido!
- O QUÊ?!- gritou Joaquim. Pela primeira vez na vida exaltara-se.
- Não lhe posso pagar o ordenado. Por isso, tenho de o despedir...
Joaquim recebeu uma "indamenização", como ele dizia. A dita, não dava para comprar comida para o mês todo!
O dia ia mal, mas estava prestes a piorar. Um cão mijou-lhe no sapato, enquanto esperava pelo autocarro. Pobre sorte a dele, naquele dia estava a chover "Gatos e cães"!Chegou encharcadinho a casa e ainda teve de ouvir o raspanete da mãe.
A vida corria mal para aquele ser. No entanto, acreditava solenemente que algo de bom teria de acontecer naquele dia.
- Trimmmmmm - tocou o telefone. Joaquim apressou-se a atender.
- Estou?
- Boaaa Tarrrrrdxi!- era uma daquelas empresas de falcatruas que oferecia viagens e que contratava sempre uma senhora brasileira para dar a notícia aos papalvos do outro lado do telefone. Joaquim podia ser ingénuo, mas ele não se deixaria levar!- Hoji é o seu djia dji sorte!
Joaquim riu-se do outro lado da linha.
- Então diga lá porquê?- disse ele